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Refundação do Seminário de Évora


      Assinalam-se, neste mês de Outubro de 2021, os 171 anos da refundação do Seminário Maior de Évora. Esta data, embora pareça ter caído no esquecimento, é parte integrante da história da cidade de Évora, mas, mais importante ainda, é um marco fundamental na história e vida da nossa querida Arquidiocese de Évora, uma vez que o Seminário é como que o seu coração pulsante, o ninho da renovação e da esperança para estas terras alentejanas e ribatejanas e tantas outras dioceses que enviam os seus seminaristas para receberem formação no Seminário Maior de Évora.

       Esta necessidade de refundar o Seminário de Évora remete-nos para a primeira metade do século XIX. Com as guerras entre liberais e absolutistas e, consequentemente, a guerra civil (1832-1834), Évora deparou-se com um grave problema: a falta de casas de formação para os novos candidatos ao ministério ordenado. Os conventos, bem como o Colégio da Cruz e do Espírito Santo tinham sido encerrados com as divisões entre absolutistas e liberais.

       Depois deste período difícil e conturbado da história, entramos no governo de D. Maria II. Aí, mais precisamente com a Concordata de 1848, a formação eclesiástica deixa de ser uma miragem e volta a ter outra vez um papel importante na história da nação. Ficou então definido que cada diocese teria de ter um seminário de teologia e, como é claro, Évora não ficou de fora.

       Facto curioso e um tanto ou quanto desconhecido é que o Seminário de Évora, na sua refundação, não viria a ocupar as instalações onde atualmente o conhecemos (Real Colégio de Nossa Senhora da Purificação – facto que viria a acontecer três anos depois – mas ficaria primeiramente instalado no antigo convento do Carmo (hoje contiguo à Igreja de Nossa Senhora do Carmo).

       Com a refundação do Seminário, no já referido ano de 1850, a formação eclesiástica ganhava então um novo vigor e um nível de exigência mais elevado, apostando não só na formação dos seminaristas, mas - e aqui entra um pormenor curiosíssimo e muito importante – também de todos os sacerdotes, residentes na cidade de Évora, com idade inferior aos 50 anos. De forma a não excluir a formação a nenhum sacerdote do vasto território da Arquidiocese, foram criadas conferências semanais nas diversas Vigararias.

      Em 1850, o Seminário de Évora recebeu somente quatro seminaristas, vindo esse número a aumentar ano após ano. Com o já referido aumento do número de seminaristas, o Seminário do Carmo deixou de ter capacidade para responder às necessidades que o crescente número de alunos trazia. Foi assim que, depois de um processo que durou alguns meses, o Seminário do Carmo fez a sua transferência para o Seminário da Purificação, mais precisamente no dia 30 de Abril de 1853, onde ainda atualmente se encontra instalado.

       Depois de todo este desenrolar da história, é de grande importância fazer uma análise e sintetizar, em breves palavras, o que a mesma nos pode ensinar e transmitir: o peso que a formação eclesiástica assume na nossa Arquidiocese de Évora. Hoje, tal como aconteceu no passado, a formação, o estudo e a vida comunitária assumem um lugar fundamental no presbiterado e no período de formação no seminário. Os Seminários, como já foi referido anteriormente, são como que o ninho da esperança, onde continuam a crescer sementes capazes de servir por amor, de chorar com os que choram, de rir com os que riem, de levar e anunciar Cristo a todos e a cada um em particular.


David Lobinho (2º ano)